A compreensão do trade off na logística é fundamental para que o gestor seja capaz de planejar as estratégias e soluções logísticas. Esse profissional precisa buscar o equilíbrio entre o nível de serviço ofertado ao cliente e o custo envolvido dentro da cadeia de suprimentos.
O termo em inglês trade-off define situações nas quais há conflitos de escolha. Bastante utilizado na economia, esse conceito trata do resultado de uma escolha, relacionando aquilo que foi selecionado em oposição daquilo que foi ignorado.
Com a globalização e os avanços tecnológicos, as empresas precisam elaborar um conjunto de práticas e ações com o objetivo de se tornarem mais competitivas e, ao mesmo tempo, atingirem as metas organizacionais estipuladas.
Assim, é necessário que o gestor aplique alguns princípios básicos e fundamentais em gerenciamento, como organização, planejamento e execução, entre outros.
Nesse contexto, quando a logística utiliza esses princípios, ela se torna um diferencial, especialmente quando o trade-off é utilizado no setor logístico.
O que é trade off na logística?
O trade off na logística está relacionado com as trocas compensatórias entre o aumento e a diminuição entre diferentes custos logísticos, ou aumento no nível de serviço ao cliente.
A padronização e a melhora de processos, a análise de desperdícios, o cliente como foco, a adesão a inovações tecnológicas, a compra de equipamentos e até mesmo a capacitação de colaboradores podem ser considerados custos para a maioria dos gestores.
No entanto, para outros profissionais do setor, os fatores acima mencionados, quando baseados em decisões estratégicas, são aspectos positivos que ajudam a empresa a alcançar as metas e objetivos estipulados e, como consequência, a maximização dos lucros. Portanto, o trade off na logística pode trazer benefícios futuros para o negócio.
Estudos já comprovaram que quanto melhor o nível de serviço, menores serão os custos relacionados a estoque. No entanto, é importante ressaltar que isso somente será válido se a quantidade do produto e o preço de compra permanecerem inalterados com a melhoria na qualidade do serviço.
Na prática, para a melhoria efetiva do serviço na empresa, é preciso levar em consideração fatores como:
- Estrutura é apropriada para armazenamento dos produtos (incluindo matéria-prima e produtos semi acabados);
- Processo produtivo automatizado, ou seja, tecnologia e equipamentos adequados para os processos;
- Saber o custo exato de processamento do pedido, movimentação e armazenamento das mercadorias;
- Proximidade do centro de distribuição com os clientes;
- Conhecimento dos mecanismos de controles que devem ser empregados;
- Saber quais sãos os produtos e serviços que proporcionam mais lucro;
- Saber qual o tempo de giro de estoque;
- Colaboradores qualificados para realizar as atividades;
- Verificar se vale mais a pena contratar operadores logísticos ou terceirizar esse serviço;
- Ter estratégias de marketing específicas para a captação de novos clientes.
Todos esses pontos, entre outros, devem ser analisados de modo estratégico a fim de facilitar o processo de trade off na logística da empresa.
Principais tipos de trade off
Veja a seguir, os principais trade off na logística:
Trade off entre nível de serviço e transporte: A satisfação do cliente está intimamente relacionada ao tempo que a empresa leva para atender aos pedidos. No entanto, quando as entregas de pequenos lotes são atendidas prontamente, o custo do transporte costuma ser alto. Em contrapartida, quando se retarda as entregas para aumentar o lote de entregas e reduzir os custos, o nível de serviço acaba diminuindo.
Trade off entre nível de serviço e previsão de demanda: A qualidade da previsão de demanda é inerente ao nível de serviço e a avaliação do impacto das melhorias traz somente benefícios. Vale ressaltar que previsões imprecisas prejudicam o nível de serviço, já a sua precisão diminui as falhas e melhora a disponibilidade dos produtos.
Trade off entre nível de serviço e armazenagem: O nível de serviço depende de inventários e esses, por consequência, dependem da armazenagem. Quanto maior a quantidade de armazéns, maior será o nível de serviço ao cliente, mas o custo de armazenagem irá aumentar com a ampliação de instalações, equipamentos, mão de obra e manutenção dos armazéns.
Trade off entre nível de serviço e embalagem: A embalagem é considerada como um dos fatores mais importantes nas decisões de compra e quanto melhor for a sua qualidade, maior será a satisfação do cliente, mas também maiores serão os custos para a empresa. O uso de embalagens sustentáveis é uma boa solução para esse impasse, pois, além de reduzir os custos, traz maior satisfação e pode motivar os consumidores a adquirirem o produto.
Trade off entre nível de serviço e logística reversa: A rede de logística reversa afeta o nível de serviço, já que também influencia os serviços de suporte e pós-venda. Vale destacar que a quantidade e a localização dos postos de recolhimento são determinantes para o tempo de resposta e a qualidade do serviço oferecido ao cliente.
Trade off entre processamento de pedidos e manutenção de inventários: A velocidade, a precisão e a consistência em que os pedidos são processados determinam o nível dos inventários. O processamento de pedidos automatizado, embora seja mais custoso que o manual, é mais ágil, preciso e consistente, o que permite que a diminuição da quantidade geral de inventários seja mantida.
Trade off entre processamento de pedidos e previsão de demanda: Uma previsão de demanda imprecisa pode prejudicar o processamento de pedidos. Em outro aspecto, os processamentos de pedidos ineficientes podem induzir os atrasos na transmissão de informações e, consequentemente, no recebimento do produto pelo cliente. A automatização do processamento de pedidos favorece a previsão de demanda e diminui possíveis erros.
Trade off entre processamento de pedidos e transporte: Nesse quesito, o processamento automatizado pode reduzir o ciclo do pedido e melhorar o atendimento ao cliente, tornando-o mais ágil e preciso. Além disso, essa velocidade e consistência permitem que o gestor tenha mais tempo para o planejamento, o que pode reduzir os custos com transporte.
Trade off entre processamento de pedidos e armazenagem: O processamento de pedidos, quando automatizado, determina a velocidade do ciclo do pedido, reduzindo a quantidade de inventários e os espaços necessários para armazená-los.
Trade off entre processamento de pedidos e aquisições: A vagarosidade do processamento manual induz a aquisições urgentes e mal planejadas, o que pode impedir as negociações necessárias para a obtenção de descontos e a redução da quantidade de remessas de pedidos. Quando automatizados, o gestor tem mais tempo para planejar e ter um maior aproveitamento dos recursos disponíveis.
Trade off entre processamento de pedidos e logística reversa: O sucesso da logística reversa está ligado ao tempo passado entre retorno, movimento e processamento dos produtos devolvidos. Quanto menor esse ciclo, maior será a satisfação do cliente e isso pode ser viabilizado com a automatização do processo.
Trade off entre manutenção de inventários e armazenagem: A quantidade de inventários mantida é proporcional ao número de instalações, ou seja, quanto maior a quantidade de inventários, maior será a necessidade de espaço para armazenagem.
Trade off entre manutenção de inventários e aquisições: A quantidade pequena de produtos adquiridos permite a manutenção de poucos inventários, mas irá exigir a constante solicitação de pedidos aos fornecedores e, como consequência, aumenta a disponibilidade de pessoal, equipamentos, materiais e sistemas exclusivamente dedicados às compras. Já compras de elevadas quantidades de produtos, aumentam os inventários mantidos, mas permite a negociação de descontos, reduzindo os custos de aquisições.
Trade off entre previsão de demanda e transporte: De fato, a atividade de transporte pode ser afetada pela qualidade e pela previsão precisa de demanda, ambas dependentes dos recursos e esforços que a empresa investe nessa atividade. Quando as previsões de demanda são imprecisas, podem ocorrer erros de dimensionamento, induzindo a aquisição desnecessária de produtos e transportes não planejados, entre outros.
Trade off entre previsão de demanda e armazenagem: O atendimento a demanda depende do inventário e este depende da armazenagem. Quando o gestor prevê a quantidade de produtos que será procurada, é possível determinar as características da atividade do armazém.
Trade off entre transporte e armazenagem: A armazenagem influencia o transporte, que, por sua vez, interfere no tempo de permanência dos estoques, impactando a atividade dos armazéns.
Trade off entre transporte e embalagem: A embalagem padroniza a dimensão da mercadoria, o que facilita o seu acondicionamento, otimizando o espaço dentro dos veículos e reduzindo o número de viagens para a movimentação da carga.
Trade off entre embalagens e aquisições: Embalagens retornáveis têm um custo superior pela durabilidade e resistência oferecidas, mas reduzem, ou até mesmo eliminam, a necessidade de compras de novas embalagens.
Trade off entre aquisições e logística reversa: Ao utilizar produtos retornados, é possível reduzir as compras, mas isso irá depender de estratégia de recolhimento, o que pode aumentar os custos de logística reversa. No entanto, a utilização de materiais novos, irá exigir uma maior quantidade de aquisições, o que independe do fluxo reverso.
Trade off entre embalagens e logística reversa: A relação entre as embalagens e a logística reversa ocorre sob dois aspectos: quando o fluxo reverso demanda embalagens e quando as embalagens retornáveis precisam do fluxo reverso. No primeiro caso, as embalagens oferecem padronização, facilitando o manuseio e melhorando a ocupação das instalações reversas. Já no segundo caso, as embalagens retornáveis reduzem a aquisição de embalagens, mas aumenta a necessidade da logística reversa para que sejam recolhidas, inspecionadas e redistribuídas.
Qual a importância do trade off na logística para a cadeia de suprimentos?
Ao chegar neste ponto do artigo, você já viu que o trade off na logística é fundamental para que a empresa tenha condições de planejar suas estratégias e soluções logísticas em busca de vantagens competitivas na cadeia de suprimentos.
Dentre outros aspectos, podemos identificar como vantagens qualitativas do trade off na logística para a cadeia de suprimentos:
- Melhorias no nível de serviço ao cliente, como na comunicação, o que pode reduzir o tempo de ciclo;
- Melhorias no fluxo de caixa, decorrente da automatização do sistema de processamento de pedidos, o que pode resultar em um faturamento mais preciso e dentro do prazo esperado pelo cliente;
- Melhorias no fluxo da informação, pois os dados serão captados de modo mais eficaz, tornando as informações um recurso valioso no processo de tomada de decisão da logística da empresa.
Para que o trade off na logística torne possível alcançar as metas e objetivos traçados pela empresa, é fundamental que o gestor saiba utilizar os recursos, informações e métodos disponíveis, levando em consideração o custo logístico total e dos trade offs envolvidos.